Governança corporativa entrou no vocabulário das pequenas e médias empresas. A busca de seu real significado tem despertado o interesse de associações de pequenas, médias e microempresas, como é o caso da AJORPEME, com seus mais de 2300 associados. A transição entre pequena, média e micro empresa (pmme) é indefinida quanto a métricas de receita ou número de funcionários, de forma que esta classificação tem relevância relativa para os conceitos de governança. Em entrevista recente, Marcel Telles (sócio da AB InBev) diz da importância de observar o comportamento das pmme (ygnuV9A4qLg), como fonte de ensinamento para as grandes empresas, reforçando a constatação de que tamanho não é primordial. Embora os conceitos sejam os mesmos, sua extensão pode variar.
Por onde começar? A boa governança é baseada em quatro princípios, onde o primeiro deles é a transparência que significa operar com metas e propósitos claros e objetivos, compartilhados em todos os níveis da organização. Com grande incidência de composição e controle familiar, as pmme tendem à centralização de poder e à baixa formalização de processos. Cuidado, este ambiente pode reduzir a transparência. Os demais princípios, não menos importantes, são equidade, prestação de contas, responsabilidade ambiental e social, mais intuitivos em sua aplicação no sentido de aumentar o valor da empresa e melhorar seu acesso a capital. Portanto, boa dica é começar pela transparência.
Na medida em que a empresa cresce, são desenvolvidos processos e relacionamentos que permitem gerar valor para acionistas, colaboradores e clientes. Quando o foco está na geração de valor, os colaboradores passam a atuar como parte do negócio, como se fossem donos. Assim, são estimuladas soluções criativas que aumentam, sobremaneira, a satisfação e a motivação da equipe no trabalho, contribuindo para melhor tomada de decisão nos diferentes níveis. Esta fase prestigia o fator mais importante da empresa: as pessoas, os grandes agentes da organização.
Outra ação de boa governança é a separação entre família e empresa. Nas pmme, esta separação ganha extraordinária importância, pois, a história mostra que boa parte das crises empresariais tem seu início no conflito de interesses entre família, propriedade e empresa. Para melhor administrar este conflito, mesmo nas pmme, a boa prática recomenda criar dois conselhos: o de Família para cuidar dos assuntos familiares e para definir critérios para incorporar as novas gerações no negócio e o Consultivo que traça estratégias que permitam perpetuar o negócio. O Conselho Consultivo (é o Conselho de Administração das pmme) é especialmente útil, principalmente, na fase de implantação do sistema de governança corporativa. É composto por três membros, sendo pelo menos um deles independente. Estes são os primeiros passos para iniciar a caminhada no sentido da governança corporativa das pmme.
Neste contexto, a governança corporativa é acessível a toda e qualquer empresa, independentemente de seu ramo de negócio ou tamanho.
Raul Cavallari
Publicado na Revista AJORPEME, ed. 58 | ano 9 | set2014
Sócio da Meta Gestão Empresarial
Conselheiro de Administração Certificado pelo IBGC
rcavallari@metagestao.com.br
www.metagestao.com.br
Redes Sociais