Boas práticas de governança corporativa recomendam que toda organização, independentemente de sua natureza, tenha um código de conduta. O que vemos, em geral, é a formação de comitês de ética que produzem um documento, por vezes longo e detalhado, contendo inúmeros procedimentos e responsabilidades para comprometer funcionários, administradores e executivos às diretrizes definidas pelos sócios ou pelo conselho.
Muitos desses códigos incluem preocupações com a sustentabilidade, o meio ambiente e responsabilidade social. E daí? Daí que, na maioria dos casos, todos os colaboradores são convidados a assinar tal documento que passa a decorar paredes da companhia para demonstrar que “aqui temos um Código de Conduta”. Com isto, imagina-se estar encerrado o processo e a vida empresarial continua. A questão é que muitos desses procedimentos valem de fora para dentro da empresa e não valem de dentro para fora.
Para o departamento de compras, é proibido receber presentes e outros agrados. Para o departamento de vendas, qual é o problema em agradar o cliente? Soa estranho, porém, parece que assim costuma acontecer com frequência. Exemplos recentes mostram gigantes do mercado que pautam suas ações baseados em códigos de conduta.
Hoje enfrentam problemas graves, justamente, por sua própria conduta. Tão fácil redigir, tão difícil cumprir! A chave para funcionar o código de conduta é o treinamento da equipe com aferição permanente sobre a manutenção dos valores da organização e a criação de canais de comunicação para, com liberdade, permitir denúncias de desvios éticos de comportamento e, com isenção, tratá-los.
Raul Cavallari
CNC 022, publicado no Jornal CNC em 02.04.15
Sócio da Meta Gestão Empresarial
Conselheiro de Administração Certificado pelo IBGC
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