Nestes tempos bicudos da Lava Jato, é impressionante o que estamos falando, lendo, discutindo e ouvindo sobre Ética. E, cá entre nós, cada um acomodando o comportamento de acordo com seus valores, seus interesses e suas conveniências, contribuindo para a barafunda de conceitos sobre ética, como aparece nas diversas frases que se seguem, ouvidas nos últimos tempos: “Ética está no DNA. Ética não se aprende na escola. Ética vem do berço. Ética é o seguinte: se não der problema, eu faço porque é ético. A ética é pessoal. Ética no trabalho é outra coisa. Só contratamos quem tem ética. Criamos este curso porque os alunos devem estar alinhados com nossa ética. O mundo real tem sua própria ética. A ética depende da escola de pensamento com a qual você se afina. Veja bem, conflito de interesses não é falta de ética”. E vamos por aí, afora.
As boas práticas de governança recomendam que toda organização tenha seu código de conduta que, em última análise, define as atitudes éticas para as pessoas, tanto no relacionamento interno quanto em relação ao mercado. Para fiscalizar o código, cria-se o Comitê de Ética com funções explícitas de interpretar ações, impor sansões cabíveis, manter abertos e independentes canais de comunicação para denúncias de desvios, criar processos de compliance etc. e tal. Isto, porém, não é suficiente!
A questão está no desafio de manter este arsenal de protocolos, definições e estruturas fundamentado em uma Carta de Valores com envolvimento da alta direção aos colaboradores, em ambiente de alta velocidade de mutação das referências que se constituem na Ética da sociedade. Do processo de seleção dos talentos à contratação de parceiros e fornecedores, a organização deve manter o norte de seus valores para manter a ética em toda a cadeia produtiva.
Raul Cavallari
CNC 026, publicado no Jornal CNC em 21.08.15
Sócio da Meta Gestão Empresarial
Conselheiro de Administração Certificado pelo IBGC
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